Recife-PE, 25 de dezembro de 2010.
Caro Luciano Huck.
Apresento o Lar Batista Elizabeth Mein – LARBEM, fundado em 1º de maio de 1954 com a função social de ser um orfanato. A partir do Estatuto da Criança e do Adolescente passa a ter a função de casa de acolhimento, cujo tempo de permanência da criança depende do processo de adoção e/ou de ressocialização e reintegração criança- família, para poder receber o menor.
O LARBEM, oficialmente, deveria acolher crianças ( meninas ) de 0 a 6 anos de idade, vitimizadas de diferentes violências: estupro, espancamento, pais drogados, abandono familiar entre outras. No entanto, há atualmente, crianças e adolescentes maiores de 6 anos morando no lar. O tempo máximo de permanência é até os 18 anos de idade.
Desde a sua fundação, o LARBEM era mantido por doações de diferentes pessoas, especialmente, ligadas às denominações religiosas evangélicas. Atualmente, 57 anos depois, continua do mesmo jeito. As doações chegam, mas são insuficientes. Isto significa que mensalmente têm-se recursos financeiros irregulares para cumprir com as suas obrigações trabalhistas, e muitas vezes, não tem como pagar a fornecedores e nem aos funcionários.
Atualmente, atende a 13 crianças e adolescentes( três saíram no dia 22/12), de forma precária, no entanto poderia atender, com reformas e adequações até 20 ( como determina o número máximo,segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente). Deveria também atender as famílias consangüíneas e as potencias adotivas, mas faltam-lhes espaços e pessoal qualificado. Ainda, por sua localização, o LARBEM poderia se tivesse espaço e profissionais adequados se tornar um referencial de combate à violência de crianças e adolescentes, promovendo oficinas terapêuticas familiares, atendimento psicossocial e atividades socioeducativas, e outros mais para a comunidade do seu entorno. Na verdade, o LARBEM faria com isto ações preventivas e de apoio à criminalidade e a violência cujo individuo alvo é a criança e o adolescente. Normalmente uma casa de acolhimento nao realiza ações preventivas,
Localizada à Rua Mena Barreto, 97; Bairro do Cordeiro; Recife-PE; CEP. 50731-060, há mais de 40 anos, apresenta sua estrutura predial comprometida pela corrosão do tempo, e por “remendos” mal feitos . Por várias vezes o Ministério Público e a Vigilância Sanitária já tentaram fechá-lo, por exigir uma reforma e adequação completa no prédio, o que é inviável, pois o LARBEM não tem sustentabilidade própria nem mesmo uma empresa patrocinadora. Como já fora dito, as doações mal dão para a alimentação e suprir demandas urgentes.
O prédio está dividido em dois pavimentos: o térreo e o 1º andar. No primeiro, funciona a administração, a sala de televisão, uma sala de estudos, uma cozinha, uma lavanderia, um refeitório, um pequeno auditório e a recepção. No andar de cima, os dormitórios, a sala de atendimento psiciossocial, despensa, banheiros. Muita grade por todos os lugares, que mais parece um presídio. Na frente do prédio, tem-se um jardim depreciado. No quintal, área totalmente livre de chão batido, com uma espécie de horta doméstica recém-contruída.
O LARBEM deve ofertar além do serviço de acolhimento e proteção à criança (menina) vitimizada da violência, deveria também ofertar os serviços de psicologia, de assistência social, educacional e de segurança suficientes para que tanto a criança e o adolescente sob a sua guarda, bem como a família original e a família adotiva tivessem condições necessárias para que a nova vida seja mais estruturada, equilibrada e feliz. Tais serviços não são possíveis continuadamente porque não se tem recursos financeiros suficientes para manter os profissionais.
O voluntariado é estimulado, porém sem espaços adequados e recursos pedagógicos não retornam para continuar o seu trabalho. E, também, muitos dos voluntários que disponibilizam alguma parte de seu tempo, por vezes ao encontrar um emprego deixam de frequentar o LARBEM.
A motivação para escrever-lhe esta carta começou quando decidi tornar o LARBEM um espaço contextual das minhas aulas de Oficina de Texto. Sou professor da Faculdade Joaquim Nabuco do curso de Comunicação Social – Publicidade e Jornalismo. Daí, o LARBEM, tornou-se uma espécie de “estágio”, “um potencial cliente social”, uma responsabilidade social no campo da Comunicação Institucional. Como resultados preliminares das tarefas acadêmicas conseguimos montar o blog ( www.larbem.blogspot.com ) onde você irá encontrar varias fotos, algumas edições de jornalzinhos, um vídeo institucional, ao mesmo tempo, conseguimos arrecadar donativos não perecíveis para doação. Com isso, temos timidamente chamado a atenção da mídia local. Mas falta muito ainda para firmarmos parcerias substanciais e contínuas, que consigam manter o LARBEM funcionando adequadamente. Outra atividade desenvolvida foi um planejamento estratégico institucional, que até o LARBEM não tinha.
Um segundo motivo foi que outras casas de acolhimento em Pernambuco, especialmente em Recife, por falta de condições de sustentabilidade financeira, têm fechado as suas portas.
O diferencial do LARBEM, segundo o Juizado da Criança e do Adolescente e das próprias crianças que já vieram de outras casas e que agora são moradoras, é que não é um depósito de crianças e adolescentes, mesmo sem infraestrutura adequada. O LARBEM é uma “casa”, o afeto, o amor existem. Tanto que menores que não se adaptam em outras casas são levadas para o LARBEM e permanecem.
Por fim, espero que esta carta possa começar um novo tempo para o LARBEM. E, que você, Luciano Huck, possa atender com uma reforma e adequação total do prédio.
Abraço fraterno.
José Edson de Oliveira Lima
Jedsonlima71@gmail.com
81-99083871
2 comentários:
Querido Edson,
linda carta. Espero, verdadeiramente, que possamos fazer essa tão importante reforma no LarBem.
Grande abraço,
Amanda Aires
Que bom! Fico feliz pela iniciativa! Faz 2 anos q n vou visitar as meninas, mas as amo muito. E ficaria muito feliz se isso acontecesse.
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